quarta-feira, 21 de outubro de 2009

N. S. DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS

Um comentário:

Ricardo Bastos disse...

Resistência negra

Cleófano Barros, memória viva da irmandade
Em 1711, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foi criada porque havia restrições para que negros freqüentassem as igrejas dos brancos, diz Cleófano Barros, membro da irmandade do Rosário há 52 anos. Embora os negros tenham sido convertidos ao catolicismo, a construção no Centro da cidade pode ser considerada um dos símbolos de resistência da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, existente há 300 anos como um dos principais movimentos de consciência negra.

A primeira capela da irmandade foi construída por um grupo de católicos negros na Praça Antônio Prado, antigo Largo do Rosário, por meio de doações. No século 19, erguiam-se ali pequenas casas que serviram para administração e atividades sociais da igreja. Alguns anos depois, por conta de um projeto de urbanização, a igreja do Rosário foi demolida. "A prefeitura concedeu a área do Largo Paissandu para a construção da nova capela como indenização", diz Barros. Nessa época, a Praça Antônio Prado passou a ser considerada um dos mais importantes locais na cidade, por onde passavam diversas linhas de bonde e ficavam os bons restaurantes e confeitarias.

Capela do Rosário no Largo Paissandu
No Largo Paissandu, a construção é de 1906 e abriga diversas imagens de santos e freqüentadores. "Hoje a capela recebe pessoas de todas cores, apesar de existir muitos negros participantes da irmandade", conta Barros.

Origens do rosário

A devoção à Nossa Senhora do Rosário tem sua origem entre os dominicanos, por volta de 1200. São Domingos, inspirado pela Virgem Maria, deu ao rosário sua forma atual. A primeira irmandade do rosário foi instituída na Alemanha. Logo a devoção se propagou, sendo levada também por missionários portugueses ao Congo. No Brasil, ela foi adotada por senhores e escravos, sendo que no caso dos negros, ela tinha o objetivo de aliviar os sofrimentos infligidos pelos brancos. Os escravos recolhiam sementes de capim, cujas contas são grossas, denominadas "lágrimas de Nossa Senhora", e montavam terços para rezar. *

* Texto de Maria de José de Dirceu

Serviço:
Capela Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos
Largo Paissandu, s/nº, tel. 223.3611
Próximo à Estação República do metrô